Em Oftalmologia, olho vermelho é das queixas mais frequentes.
Causas mais comuns:
Conjuntivite = Inflamação da conjuntiva (membrana que recobre a parte anterior branca do globo ocular e a superfície posterior das pálpebras). Evolui com ou sem 'ramela'. Evolução variável, dependendo da causa (bactéria, vírus, fungo, alergia, traumatismo, irritação). ( v. tb. www.conjuntivite1.blogspot.com )
Blefarite = Inflamação das pálpebras, seja por bactérias, parasitas ou irritação química por poluentes ou maquiagem; ou ainda endógena (acúmulo de sebo oxidado na saída das raízes dos cílios). Desde que não se alastre para a córnea, não tem gravidade, mas a forma crônica leva à madarose, isto é, perda progressiva dos cílios (pestanas), dando ao portador aspecto envelhecido e desfigurado. Boa maneira de evitá-la é "escovar os olhos" diariamente, à hora do banho: Molhe o rosto e as mãos. Passe os dedos indicadores no sabonete (não passe as unhas). Com os dedos assim ensaboados (e os olhos fechados), massageie a região dos cílios, em movimentos horizontais de vai-e-vem, desde o nariz até a têmpora - sem violência, mas com insistência. Enxágue bem (resíduos do sabonete poderiam acrescentar blefarite química).
Uveíte = Inflamação da úvea (íris, corpo ciliar, coróide). Exige prontos cuidados, não só por si, mas também pela possível 'simpatização' (extensão da inflamação para o outro olho).
Louis Braille sofreu acidente na infância, que lhe rendeu panoftalmite (gravíssima uveíte global) em um dos olhos. Na época não se conhecia imunodepressores. Temendo 'simpatização' para o outro olho, o médico recomendou pronta remoção cirúrgica do olho acidentado, mas o pai vetou o procedimento.
O temor do profissional se materializou, porque o outro olho 'simpatizou' com o primeiro, e ambos os olhos se tornaram total e irremediavelmente cegos. Mas a cegueira de Braille foi construtiva para os outros cegos do mundo...
Ceratite = Inflamação da córnea. Sempre grave (pelo risco de perda da transparência, e portanto da visão).
Úlcera de córnea = Perda de substância corneana. Sempre grave (pelo risco de perda da transparência ou mesmo perfuração do globo).
Glaucoma de ângulo fechado = Glaucoma agudo por elevação abrupta da pressão intra-ocular (é característica a tríade: olho vermelho + dor + pupila maior do que a do outro olho). Sob pena de cegueira rápida e irreversível, é urgência que exige tratamento nas primeiras horas da crise.
OBS.: Glaucoma primário crônico de ângulo aberto (o mais comum) não produz olho vermelho.
Corpo estranho = 'Cisco' de qualquer natureza (mineral, vegetal, animal), na córnea, conjuntiva ou atrás das pálpebras. Deve ser removido logo (antes que ocasione infecção ou necrose tecidual perfurante). (v. tb. www.cisco-ocular.blogspot.com )
Trauma mecânico = Contuso, abrasivo, cortante ou perfurante.
Gravidade variável.
Picadura de inseto = Palpebral (geralmente pouco grave) ou mesmo no próprio globo ocular. Quando o ferrão do inseto transfixa o globo, injetando toxina no seu interior, é particulamente perigosa, pelo risco da temida panoftalmite, com evolução muito rápida, dramática, e risco iminente de perda da visão e até do próprio órgão (este caso extremo exige pronto tratamento heróico, incluindo vigorosa cicloplegia e doses corajosamente elevadas de corticóides sistêmicos).
Parasitoses = Às vezes confundidas com 'conjuntivite', mas não se resolvem com antibióticos. Exemplo é o Pthirus pubis (chato, piolho-da-púbis, carango), cujos adultos ficam firmemente abraçados aos cílios, com o 'ferrão' enterrado na pálpebra (sugando sangue do hospedeiro), e seus ovos também firmemente aderidos aos cílios. Antigamente a remoção era feita com derivados do mercúrio, mas sua toxidez os contraindica. Preferível é a remoção mecânica, sob microscópio.
Episclerite = Inflamação da episclera (fino tecido que reveste a esclera, região branca do olho).
Triquíase = Cílios viciosos, que crescem em direção ao olho, o irritam pelo atrito. Devem ser removidos, e, se necessário, cauteriza-se sua raiz, para que não voltem a crescer.
Hemorragia conjuntival = Nos traumas, tosse, espirros, vômitos ou obstipação intestinal (intestino 'preso'), pode ocorrer ruptura de vaso sanguíneo da conjuntiva, com extravasamento de sangue. O vermelho é rutilante, de contornos irregulares.
Hemorragia subconjuntival = Esta hemorragia inspira mais cuidados do que a conjuntival, porque o sangue que se acumula entre o olho e a conjuntiva provém de ferimento a distância, fazendo suspeitar de fratura na órbita por trauma contuso.
O vermelho é maciço, escuro, de contornos definidos (às vezes com nível líquido)
Pterígio = Algumas pessoas sao muito expostas a agressões ambientais (sol, calor, vento, poeira, fumaça, vapores, luzes intensas, insuficiência lacrimal, óculos vencidos...). A curto prazo, tais agressões provocam irritação ocular transitória (olho vermelho reversível). Quando, porém, as agressões sao assíduas e repetitivas, a longo prazo geram no olho um estímulo para "se defender", ou seja, produzir um "escudo" contra as agressões. Tal "escudo" é dito pterígio, isto é, uma película que cresce sobre a superfície anterior do olho. O pterígio apresenta graus variáveis de extensão e vermelhidão, e, crescendo, ameaça recobrir a pupila (buraco por onde entra a luz). A correção é exclusivamente cirúrgica, e, claro, para que o pterígio não recidive, após a cirurgia é imprescindível evitar os mesmos fatores que estimularam sua formação.
Olho seco = Condição em que há deficiência na produção da lágrima que protege e lubrifica o olho. É preciso determinar a causa, que pode ser local ou orgânica. Também fatores ambientais podem favorecer olho seco pela evaporação acelerada da lágrima (estiagem, ar condicionado...).
Lagoftalmo = Quando a pessoa dorme com os olhos semi-abertos, evapora a lágrima que os protege, e o olho se irrita por exposição (pode evoluir para ceratite de exposição).
Queimaduras
= Podem ser físicas (exposição excessiva ao sol, acidente com
cigarro, solda de eletrodo...) ou químicas (álcool, ácidos, soda
cáustica...). Queimaduras por álcool são usualmente benignas; por
ácidos, têm gravidade variável; por soda cáustica (ou outros álcalis)
são quase sempre muito graves, e demandam pronto atendimento
especializado (*) (**).
* Tão dolorida quanto as substâncias mencionadas é a queimadura por algumas seivas vegetais, como, por exemplo, a da Coroa-de-Cristo. A estória se repete: A pessoa trabalha sob o sol, podando a planta, com resíduos de seiva nas mãos, e, transpirando pelo calor, passa a mão na testa para remover o suor. Em seguida, mais suor se forma, e, escorrendo pelo rosto, transporta a seiva para o olho. Dor e ardência são intensas, porque a seiva remove a camada de células protetoras da córnea, expondo seus nervos.
** IMPORTANTE: Nas queimaduras químicas, qualquer que seja a substância que agrediu o olho,
os danos serão tão mais graves quanto maior o tempo de contato da substância com o olho.
Assim, antes de correr para o oftalmologista, é urgente a lavagem imediata e copiosa do olho com água em abundância ( o tempo perdido na procura por soro fisiológico daria oportunidade ao agente químico de agir em maior profundidade, ampliando os danos e piorando o prognóstico ainda mais ).
Na falta de melhor recurso, dos males, o menor :
segurar uma mangueira de jardim com jato moderado de água para cima e,
curvando-se sobre o jato, com o olho bem aberto, dirigi-lo sob vários ângulos
para que a água se insinue por trás das pálpebras para lavar a substância agressora.
Depois disto, procurar o oftalmologista, que identificará natureza, extensão e profundidade dos danos (ocorridos e potenciais), e instituirá tratamento, buscando minimizá-los.
Não se deve tentar neutralizar a substância com seu antagonista, porque a reação resultante
seria exotérmica, isto é, produziria calor que agravaria ainda mais os danos oculares
(em ambiente hospitalar isto poderia ser aplicado condicionalmente, isto é,
desde que o antagonista seja diluído em solução para irrigação contínua,
porque, neste caso, o próprio fluxo líquido dissiparia o calor da reação).
Conjuntivites, blefarites e ceratites podem ser traumáticas (físicas ou químicas) ou infecciosas (por bactérias, vírus ou fungos). Uveítes podem sê-lo também, e podem ser ainda 'idiopáticas' (de causa desconhecida, comumente endógena).
Os olhos podem tornar-se vermelhos também por irritação, por alergias, ou por ar condicionado, ou por má postura à leitura e ao computador, ou por lentes de contato mal conservadas (ou vencidas!), ou por óculos vencidos (ou errados!), ou ainda, simplesmente, por piscamento deficiente. Piscar é saudável, porque distribui uniformemente a lágrima que protege o olho contra agressões externas.
Ao lado de casos 'inocentes' de olho vermelho, alguns evoluem de maneira dramática, com danos irreversíveis. No glaucoma agudo, por exemplo, a persistência da pressão ocular muito elevada, por mais de 24 horas, pode ser suficiente para atrofiar o nervo óptico, resultando cegueira permanente.
Auto-medicação não é prudente. Exemplo: Glaucoma agudo e uveíte exigem tratamentos bem diferentes, e o mesmo tratamento que cura um agrava o outro, e vice-versa, precipitando danos oculares e visuais.
Diagnóstico e tratamento de olho vermelho competem ao oftalmologista, tão logo possível. Até então...
... mantenha higiene do órgão e do rosto.
... nas lesões por traumatismo, cubra o olho afetado com gaze limpa
e fita adesiva, sem comprimí-lo.
... não use medicação sem orientação médica.
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Melhor (e menos dispendioso) do que tratar é prevenir.
Para jovens saudáveis, é suficiente um exame oftalmológico preventivo a cada 2 anos.
Após os 40 anos, todos os anos.
É bom critério usar a data do seu aniversário como lembrete para revisões anuais
com dentista, oftalmologista e ginecologista (mulheres) ou urologista (homens).
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dr VIC JOHNSON
médico ortomolecular
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